Trânsito para crianças
Renato Kaufmann
Estou no carro, dirigindo tranquilamente. À minha esquerda, uma faixa de moto. É uma faixa exclusiva, que permite que os motoqueiros tenham seu espacinho definido em vez de percolar no meio dos carros.
Aí um carro me dá umas buzinadas, pedindo passagem. Me dou conta que o FDP está vindo pela faixa de moto, em plena Av. Sumaré. Como se não bastassem as motos fazendo bibibi, agora tem carro, na faixa de moto, se comportando igual moto. Que desgraçado. Pior é que estava todo mundo esperando, enfileirado, pra seguir seu caminho, e isso pra mim equivale a furar a fila do supermercado, ou do banco. A diferença é que no supermercado o cara pode até apanhar, e no trânsito o cidadão abusa porque se sente anônimo, protegido em seu carro.
Não deixei passar e xinguei, afinal, que absurdo o cara vir furar nossa fila, e ainda invadindo a faixa de moto.
Aí ouço uma voz “Pai, que que você está fazendo?”
Era a Lucia, em sua cadeirinha. Droga, que mau exemplo.
Expliquei pra ela que o moço daquele carro estava fazendo algo muito errado, e que eu fiquei bravo com isso. Mas que eu também estava errado de ficar tão bravo.
Taí uma lição que a gente esquece sempre que está certo: as pessoas que estão com a razão são as mais intransigentes.