Mau tio, mau
Renato Kaufmann
Quando minha irmã comprou um filhote de cachorro, há uns dez anos, ela não teve coragem de sair e deixar o pequeno comigo.
Anos de cuidado com a Lucia e acho que consegui reverter essa imagem que ela tinha.
Aí fomos na loja, meu sobrinho comigo, seis anos, ''quero ir na carro da tio renato''. Eu precisava de uma cadeirinha nova. Na hora de testar como ficava no carro, eu deixei ele no fundo da loja, vendo televisão tranquilamente, e fui testar a cadeirinha.
Pouquíssimos minutos depois minha irmã sai da loja, digamos, nada feliz, porque o menino estava chorando lá dentro, achando que foi abandonado, e já estava dando pra vendedora o telefone da casa dele em Miami. Em inglês.
Mil justificativas – foi rapidinho, ele parecia entretido, a única saída da loja era onde eu estava… mas não teve jeito. Vendo a cara dela – e a dele, eu sei que eu errei. Mea culpa.
Pelo menos eu não esqueci ele na loja e fui embora, mas acho que perdi os privilégios pra passear até com o cachorro.