Vida de Pai

Quem programa seus filhos?
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Renato Kaufmann

Vida de Pai - quem programa seus filhos?

Ilustração: Eduardo Souzacampus

Vamos dominar a tecnologia ou vamos ser dirigidos por quem a domina? Hoje em dia, tem cada vez menos gente que acredita em tudo que vê na TV. Só que quando o assunto é tecnologia, ainda acham que ela é neutra.

As pessoas se esquecem que existe todo um conjunto de valores embutidos em qualquer programa de computador. Quando a gente introduz tecnologia na vida das crianças, lembrar disso é mais importante que nunca. Ao usar um software, você está sendo impactado pelos valores e pela visão de mundo de quem o criou.

Lembram daquele jogo “Sim City”? Todo mundo acha que ele é simulador de cidades, da mesma forma que Flight Simulator é um simulador de avião. Na verdade, o jogo é a expressão dos valores e da visão de mundo dos seus criadores. Por exemplo, se você aumenta os impostos, as pessoas se revoltam. Mas não é assim em todo lugar – como nos países nórdicos, em que os impostos são altíssimos, mas o padrão dos serviços do estado, e a qualidade de vida, também.

No começo da era da computação, todo mundo que usasse um computador estava programando. A ferramenta estava aberta. Com o avanço dos computadores pessoais, e agora, com smartphones e tablets, estamos virando apenas consumidores de tecnologia pronta. Por exemplo, nós passamos a ver certas redes sociais como uma forma de nos conectarmos com amigos, e esquecemos que elas são feitas por empresas, com intuito de monetizar nossas conexões com amigos. 

A tecnologia vai continuar mudando radicalmente nossa sociedade. E quem vai dirigir essas mudanças?

Douglas Rushkoff escreveu em seu livro, “Programe ou seja programado”, que ou nós escolhemos dirigir a tecnologia, ou vamos ser dirigidos por aqueles que a dominam.  “Escolha a primeira opção”, ele diz, “e você tem acesso ao ‘painel de controle’ da civilização. Escolha a segunda, e essa pode ser a última escolha de verdade que você faz.”

Não que todo mundo deva ser um programador, longe disso, mas é muito importante entender que existe uma programação,  treinar um olhar crítico, saber que em cada programa existem escolhas entre vários caminhos possíveis.  Olhar para a tecnologia e pensar que isso “é o que tem” é como olhar para o noticiário e achar que aquelas são necessariamente as notícias mais importantes, quando, na verdade, aquela é a escolha das notícias que um grupo de pessoas julgou mais importante.

Pensando nisso, separei três dicas para crianças e adultos:

1) Cargo Bot
Um jogo em que você precisa programar um braço-robô e resolver uma série de desafios. Excelente para aprender princípios básicos de lógica e programação. As fases iniciais são acessíveis para crianças, já que começa fácil e vai ficando realmente desafiador. Eu atolei no intermediário e estou prestes a arremessar o iPad pela janela,  voltar para o mato e viver numa caverna. Ao menos já entendi porque programador bebe tanto café – é um desafio intelectual viciante.

2) Tiny tap
Um aplicativo muito simples que permite que você crie os seus próprios jogos infantis no iPad. Eu fiz um pra Lucia, usando fotos nossas, e gravando a minha voz nas perguntas e nas respostas, certas e erradas. Mostrei e ela se divertiu muito. Pediu mais. Agora quero fazer um jogo mais complexo, afinal, ela está mais esperta a cada dia e “onde está o nariz” ficou fácil demais. Ou vou ensinar ela a fazer seu próprio joguinho.

3) Programe ou seja programado – por Douglas Rushkoff
Infelizmente, esse livro só tem em inglês, mas vale a leitura. O Rushkoff, que foi meu professor no mestrado e é um cara bem polêmico, mostra como entender  a tecnologia pode transformar a sociedade, para muito além de clicadas em curtir e atualizações de status.


Livros para pais
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Renato Kaufmann

como nascem os pais

Partindo da falsa premissa que pais têm tempo para leitura, seguem aqui três sugestões:

Coração de Pai – José Ruy Gandra
Um livro cheio de alma, lições e inspirações. Lágrimas também. Faz jus ao sub-título ''histórias sobre a arte de criar filhos''.

Porque Almocei Meu Pai – Roy Lewis
A história da evolução do homem, contada como a vida de uma família de homens-macaco há dois milhões de anos. O livro tem sólidas bases científicas e aquele ótimo humor inglês. Na verdade não é um livro exatamente para pais, todo mundo pode gostar, mas como tem pai no nome, achei que ia ficar bonito nessa lista.

Como Nascem Os Pais – Renato Kaufmann
''Esse livro é muito bom. Meu filho nunca mentiu na vida. Nem eu. É genético'' – A mãe do autor
''O livro é ótimo e é tudo verdade. Eu sei disso, porque eu existo'' – Papai Noel
''Só porque a Lucia nasceu azul, e ele está azul na capa, você acha que eu tenho algo a ver com isso? Aliás, porque aqui só tem depoimento de parentes, seres imaginários, e possivelmente, parentes imaginários?'' – Papai Smurf

E, claro, esta elaborada farsa não estaria completa sem um book trailer de um dos livros, escolhido, digamos, aleatoriamente:


O movimento dos sem-mingau
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Renato Kaufmann

Vida de pai separado é assim, tem coisas lindas que a gente fica sabendo depois. A Ana, mãe da Lucia, mandou a seguinte história:

''Uma amiga me deu uma receita de mingau de banana com aveia que aumenta a produção de endorfininhas. Propus pra criançada e fiz potes como do contos de fadas: um grande pro papai urso, um médio pra mamãe ursa e três pequenos pros ursinhos criança.

Deixei na pia à noite, pra esfriar pro café, e pra fazer uma graça desenhei uma placa: ‘Proibida a entrada de Cachinhos de Ouro’. De manhã, todo mundo pulou cedo da cama pra verificar o mingau. Eu disse, olhem, o aviso funcionou!

A Lucia olhou e falou assim: 'Mãe, a Cachinho de Ouro não existe. Se ela viesse aqui, ela tocava a campainha, a gente abria, dava um potinho de mingau pra ela também, assim ela não comia o de nenhuma outra pessoa, só o dela. E ela podia morar com a gente, se não tiver casa pra ela. Mas não na minha cama.''


1460 dias com a pequena Rapunzel
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Renato Kaufmann

Vida de Pai - a torre da Rapunzel

Ilustração: Eduardo Souzacampus

Esta semana, a Lucia faz quatro anos de idade. Ela era um bebê e cabia no meu antebraço, e agora é essa miniatura de ser humano que conversa comigo e fala coisas incríveis.

Lembrei de cada um dos aniversários. No primeiro, ela estava com um vestido de joaninha. Me parecia improvável que já tivessem passado 21 meses que ela deixou o aquecido labirinto do meu epidídimo, e de todos os lugares possíveis, tenha tido a sorte de parar na acolhedora barriga de sua mãe.

Nesse primeiro aniversário, eu escrevi: “Com uma filhota, o mundo fica cheio de pequenas conquistas, a gente comemora o primeiro cocô saudável e também o mais recente, mas trocamos ambos com o mesmo asco. O de hoje, primeiro da nova idade, grudou em tudo, inclusive na minha mão. Precisei encarar como um boa sorte de teatro pra não arremessar horrorizado a fralda no teto e o bebê de bunda na parede, onde ficaria grudado, e fingir que não vi nada até a empregada chegar.”

No segundo ano, eu escrevi uma carta pra ela: ''Querida Lucia, nestes seus dois anos, eu descobri mais coisas sobre a vida que nos últimos 20. Quando você veio, eu me preocupava se eu saberia te ensinar, e mal desconfiava o quanto teria pra aprender.”

Em um piscar de olhos, ela fez três anos. “Era uma notícia. Virou um feijão. Um feijão mágico, com quatro pixels piscantes no meio, que o médico chamou de coração. Virou um teste de Rorschach. Virou um 4D em que só se comentava o nariz. Virou uma coroa de cabelos aparecendo por entre camadas de pele, alavancada por um garfo de churrasco e fez plop.”

Súbito, quatro anos. É sempre rápido assim? Esse vai ser de Rapunzel, e a fila dos pretendentezinhos só aumenta. Vou mandar um por um para a Legião Estrangeira. Em todos os aniversários dela, eu me dou conta do presente – não aquele que eu esqueci de comprar, mas o que ela deu pra mim. É uma frase atribuída ao Paul Valery: “Feliz é o homem que, ao acordar, se reencontra com prazer e se reconhece como aquele que gosta de ser”. Pois eu gosto de ser o pai da Lucia, e a cada aniversário que passa, isso é mais verdade do que nunca.


“Ser pai é calejar o coração dos filhos”
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Renato Kaufmann

Caiu, Levanta

Ilustração: Eduardo Souzacampus

Faz pouco tempo, fui convidado pra dar uma palestra. Eu não sou muito bom de falar em público, fico nervoso. Isso só piorou, porque, antes da minha, foi a do José Ruy Gandra. O cara é uma alma iluminada, um poço de sabedoria e tem uma história de dar nó na garganta.

Ele perdeu um filho. Eu não consigo nem imaginar como seja essa dor, e só de pensar nisso tenho vontade de chorar. Apesar de tudo, ele sai da cama todos os dias e encara a vida de frente, talvez também por ter outro filho e um neto, e ambos precisarem da sua figura. Mas perder um filho e continuar a viver me parece exigir uma força sobre-humana.

Então, quando uma pessoa como o Gandra fala, eu escuto com ouvidos atentos. E de tudo que ele falou na palestra, uma frase ficou na minha cabeça: “Ser pai é calejar o coração dos filhos”.

Nosso impulso é acolchoar as crianças de todas as coisas difíceis do mundo. Isso parece proteção, mas não é. Sim, o mundo é duro. Mas um dos maiores presentes que podemos dar a um serzinho humano é estimular a sua autonomia, deixar que ele aprenda a encarar e lidar com agruras e frustrações.

Um dia não estaremos mais aqui pra ajudá-los e protegê-los. Seus corações macios estarão à mercê da vida. Talvez ajude se esse coração já vier meio que calejado mesmo. Talvez seja mais importante passar, junto com eles, por essas situações que poupá-los.

Eu ainda não sou tão iluminado. Mas a gente já treina com situações menos graves, como um tombo. A lição é a mesma “Caiu, levanta”. Uma lição que o Gandra nos ensina com o seu próprio exemplo.


Deixar a criança chorando até dormir: vale ou não vale?
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Renato Kaufmann

  • 4227
  • true
  • http://mulher.uol.com.br/gravidez-e-filhos/enquetes/2012/09/24/deixar-a-crianca-chorando-ate-dormir-vale-ou-nao-vale.js

A discussão está acalorada.

Tenho ouvido defesas bastante inteligentes de ambos os lados.

Nos extremos, tem gente que diz que deixar chorar é bom, que a criança aprende a adormecer sozinha, a ter autonomia. E também tem gente que diz que isso é uma crueldade ímpar com a criança.

Assim, resolvi perguntar.
O que vocês acham?

Votem na enquete abaixo e, se sobrar um minutinho, expliquem nos comentários o porquê da sua escolha.

Eu gostaria de ouvir mais opiniões sobre o assunto.


Pai, o invisível
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Renato Kaufmann

Pai Invisível

Ilustração: Eduardo Souzacampus

Pai é um cidadão de segunda categoria. As pessoas poderiam pensar que ele nem é necessário, sequer para a produção do bebê, tamanho o descaso com essa figura. Acreditem: ao contrário dos anjos e das bactérias, os seres humanos não se reproduzem por bipartição. “Engravidei virgem” e “foi o boto cor-de-rosa” são só técnicas de salvar a vida do vizinho. Cada uma com as suas vantagens: na história do boto, o pai existe, mas some no rio. E na outra, palmas para o José, pai é quem cria.

Nos ultrassons, o médico nem fala com você. Ok, o bebê está dentro da mãe, uma vida crescendo e se desenvolvendo lá, se alimentando dela. O mais perto que a gente chega disso é ter lombrigas. Mas ei, eu que coloquei esse bebê aí. Eu ou o leiteiro. Gente, como sou velho, acho que não existem mais leiteiros.

E a barriga? Todo mundo cumprimenta a grávida, passa a mão na barriga dela e diz parabéns. Eu sei que ia ser estranho se viessem passar a mão nas minhas… er… no meu… ahn… aparelho reprodutor e dar os parabéns, mas mesmo assim.

Na maternidade, dão para você uma pulseira azul, uma roupa de faxineiro e olhe lá. Eu sei que o papel do pai na sala de parto é não desmaiar, mas puxa, pai também sofre no parto. Custava me dar uma dose de morfina? Ou três? Ora essa.

E depois que o bebê nasce, o pai deixa de ser um cidadão de segunda e passa a ser um marido de terceira. Acreditem, isso passa. E, nessa hora, as coisas podem começar a mudar. Se antes a sua interação com o bebê se restringia a falar com uma barriga, agora você pode pegar no colo e chamar de seu.

Na primeira semana, a mãe da Lucia não queria me deixar dar banho. Ela dizia que queria dar o banho, mas, na verdade, desconfio que tivesse medo que eu derrubasse o bebê. E afinal, sou meio mão furada mesmo, o bebê está ensaboado e a situação toda é como sabonete na cadeia: derrubou, está ferrado. Mas a gente conversou e eu logo comecei a dar banho também. É muito legal.

Em alguns momentos, é bem capaz que tenha batido um arrependimento nela. Como quando descobriu que eu desenvolvi uma técnica pra virar o bebê na banheira com uma mão só. Funciona quase sempre. Ou quando viu que em vez de usar uma canequinha pra enxaguar o cabelo da pequena, eu usava uma panela cheia.

Agora a Lucia faz natação, ficou na banheira mostrando que aprendeu a mergulhar, e eu penso que a cena me parece bem familiar na verdade.


Ataques de manha
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Renato Kaufmann

uahhhhhhh

Ilustração: Eduardo Souzacampus

A Lucinha entrou na fase de testar limites, e um deles é até onde consegue ganhar as coisas no grito. No começo, eu fiz tudo que não deveria fazer: argumentar extensivamente, negociar, dar colo, ficar bravo ou, o pior de todos, ceder: “então tá”.

Aí, a pequena bolinha repete um mantra como quem reza infinitas ave-marias. “Eu quero danoninhooooooo”, “Eu quero danoninhooooooo”. Mais um pouco e quem vai ter que aprender a rezar sou eu.

Perguntei para uma prima psicóloga, a Juliana: o que eu faço? Ela disse para descer até a altura da criança, explicar que só vou conversar quando ela se acalmar, dar as costas e sair andando.

Fiz isso, com dificuldade, e a Lucia começou a berrar. Em dois minutos, veio pedir desculpas por estar fazendo manha. Sucesso.

Mas e para evitar a manha? A dica da Isabel Garcia, psicóloga infantil, é preparar a criança para as mudanças do dia, e dar tempo dela ir se preparando. Em vez de interromper uma brincadeira, avisar antes “a gente vai brincar mais um pouco, depois banho e jantar, tá?”

As pestinhas aprendem a ter vontade própria e querem praticar. Aí no jantar ela começou: “Eu não gosto de peixeeeeee”. Nem tinha experimentado ainda.

Eu disse que era o que tinha. Deu escândalo, se jogou no chão, esperneou. Levei-a para o quarto, para se acalmar e pensar. Acabou dormindo sem jantar, pobrecita.

Nossa, a gente se sente um mau pai. Só que aprender a ter limites é mais importante do que uma refeição. Se não, pode virar uma criança tirânica, uma adolescente prepotente e aí já viu.

Nessas horas, o pai precisa ir contra ao seu próprio instinto. Ensinar limites é difícil pra caramba, mas é um ato de amor. A única outra alternativa é se jogar no chão e chorar junto. Eu já fiz isso e, olha, não funcionou.


Manha, camisinha e viagens no tempo
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Renato Kaufmann

Dizem que a melhor forma de prevenir um ataque de manha é usar camisinha alguns anos antes. Como nenhum viajante do tempo veio falar comigo ainda, imagino que, infelizmente, essas viagens jamais serão inventadas.

Então, estamos assim:
– as crianças testam limites
– têm ataques de birra em decibéis que nós nem imaginávamos serem possíveis
– e nós nunca vamos viajar no tempo, exceto pra frente, e um dia (ou fração de segundo) de cada vez.

Como o que não tem solução solucionado está, na próxima coluna eu tento resolver dois desses três problemas.


Estreia: Vida de Pai
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Renato Kaufmann

Vida de Pai

Ilustração: Eduardo Souzacampus

Um dia, eu estava distraído, pensando em quando eu iria parar de usar a bengala que me sobrou como consequência de um horroroso acidente de moto. E, nesse dia, a Ana, minha namorada na época, chegou de mansinho e disse que estava grávida.

Posso ser sincero? Eu quase surtei. De medo, insegurança, e pela sensação de estar perdendo o controle sobre a minha vida. O controle é uma ilusão, mas eu gostava dela. Me deu uma taquicardia horrorosa. E seu eu não fosse um bom pai? E se eu não desse conta? Será que estava mesmo na hora? Eu não estava pronto, afinal.

Ela me disse que teria o bebê, comigo ou sem. Nessa hora alguma coisa mudou em mim. Imaginei um pequeno descendente meu, solto nesse mundo, sem mim. E tive um impulso avassalador de proteger essa criaturinha, seja ela quem fosse. Foi meu primeiro instinto paterno de verdade. Sim, eu já era pai de dois gatos, Maotse Tung e Lacan, mas isso era diferente.

Do meu desespero (e pânico, pavor, aflição, insegurança e um nascente senso de paternidade) nasceu um blog, o www.diariogravido.com.br, onde eu comecei a falar de como eu me sentia, sem esconder nada. Há quem chame isso de sincericídio, e não sem razão. O blog cresceu e, a pedido dos leitores, vieram dois livros: o ''Diário de um Grávido'', que conta como é a gravidez do ponto de vista masculino, e ''Como Nascem os Pais'', sobre o impacto dos dois primeiros anos de uma menina na vida do seu despreparado pai.

O tempo passou: minha filha vai fazer quatro anos e eu nem acredito nisso. Ela cabia no meu antebraço e agora ela conversa sobre coisas. É uma alegria ímpar, mas aquela sensação inicial nunca mais me deixou. Ela só foi se transformando. Dizem que ter filhos é ter um coração fora de você, circulando por aí. É verdade. A gente não dorme direito nunca mais… só mudam as razões. Será que ela está respirando? Por que ela vomitou? Por que esse barulho? Por que esse silêncio? Por que pegou a chave do carro e não voltou ainda?

Vida de pai é uma vida sofrida. Eu tenho todas as preocupações que já tinha antes e mais um monte de outras novas. Não mudaria quase nada na minha história: nem o acidente de moto, um encontro com a morte que abriu as portas para a vida, nem a paternidade, que ignorou as tais portas e entrou derrubando todas as paredes. Sem paredes dá um frio danado, mas a vista é linda. E eu nunca fui tão feliz.

Assim, bem-vindos ao Vida de Pai. Nesse espaço, a ideia é contar as coisas que os pais não falam, as que a gente fala e parece que ninguém escuta, dizer algumas verdades, e, claro, algumas mentiras.

Pais de Todo Mundo, Zumbi-vos!