Vida de Pai

Eu sou o Don Corleone de uma criança

Renato Kaufmann

Afilhados são uma forma da natureza enganar a gente, fazendo parecer que filho não dá trabalho.  Afinal, é como um filho que você pode devolver a qualquer hora.

O meu, o Luca, me fez um desserviço, porque ele parecia japonês, e não tendo pais japoneses, me permitia toda uma gama de ótimas piadas sobre a sua origem. Agora, ele já parece mais com o seu pai e matou minha piada.

Como a gente só tem certeza da mãe, acho, ser parecido com o pai  deve ser uma forma evolucionária de evitar a defenestração de bebês por seus pais-homens-das-cavernas, ou qualquer que seja o nome do ato de atirar alguém ou alguma coisa pela entrada da caverna. Um teste de DNA ambulante.

A Lucia também tem um padrinho, que aliás é o pai do Luca. Quando ele pensa que ninguém está olhando, fica ensinando coisas pra ela como “Pai, troca o som que essas suas músicas são chatas”. Ainda mato esse desgraçado, dado que meu gosto musical é ótimo. Mas, quando precisa, ele se redime, inventando músicas pra ela, como   “eu não gosto da girafa”.
Não me canso de ver esse vídeo.